OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM NA INFÂNCIA: Um estudo sobre o desempenho escolar e níveis de inteligência

Resumo

O processo de aprendizagem envolve complexas variáveis que podem ser discutidas a partir das mais diversas perspectivas. Dificuldades enfrentadas nesse percurso comumente são atribuídas, por pais e professores, a problemas de comportamento, desatenção, descaso diante dos estudos, entre outras. No entanto, a prática diagnóstica clínica em casos de queixa escolar, muitas vezes identifica que as crianças dispõem de bom nível intelectual, mesmo com desempenho escolar insatisfatório. Assim, o objetivo desse estudo foi relacionar o desempenho escolar com o nível de inteligência em alunos de uma unidade pública de ensino fundamental I. Tratou-se de uma pesquisa quantitativa, exploratória e de corte transversal, que contou com uma amostra de 180 crianças com idades entre 7 anos e 11 anos e 11 meses, do ensino fundamental de uma escola pública da região do Grande ABC-SP. Foram utilizados como instrumentos o Teste do Desempenho Escolar (TDE) e o Teste Não-verbal de Inteligência (R2), aplicados coletivamente. Os resultados indicaram que cerca de 85% das crianças apresentaram baixo desempenho escolar, ao mesmo tempo que 81% das crianças obtiveram scores na média ou acima dela no que se refere ao nível de inteligência. Esses dados apontam que, apesar de inteligentes, o desempenho escolar se apresentou comprometido. Os resultados articularam o entorno, os fatores sociais, políticos, econômicos e a própria instituição como fatores fundantes dessa problemática. Desse modo, é possível refletir que nos processos de aprendizagem não considera-se apenas os níveis de inteligência, fatores orgânicos ou déficits intelectuais, mas um olhar para a instituição e a singularidade dessas crianças que tem seu desempenho acadêmico prejudicado e, por conseguinte, apresentaram severas dificuldades de aprendizagem.