ESCRITA CARTOGRÁFICA: Psicologia institucional e linguagem no contexto de um CAPS II
DOI:
https://doi.org/10.22289/2446-922X.V10N1A9Palavras-chave:
Análise Institucional, Saúde Mental, InterdisciplinaridadeResumo
Este relato de experiência é uma análise institucional feita a partir das experiências de duas estagiárias em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) II. Intencionamos levantar alguns questionamentos e reflexões sobre a Psicologia Institucional e as institucionalidades que permeiam o serviço, o tensionamento entre instituído e instituinte, com enfoque na linguagem que opera enquanto instituição. Os objetivos visados são: investigar qual a possível lógica de subversão em tal cenário, ainda permeado pelo modelo manicomial; examinar como a Psicologia Institucional pode auxiliar nessa subversão; averiguar se a linguagem, enquanto instituição, pode libertar corpos de tal modelo. Utilizamos o método da cartografia, onde os procedimentos envolveram a observação, registro em diário de campo, partilhas em supervisões e revisão bibliográfica. São utilizados cinco exemplos de linguagem observados no serviço: de invalidação do sofrimento, infantilização, LGBTI+fobia, estereótipos contra usuários de substâncias psicoativas e ressignificação da linguagem da loucura. É realizada uma discussão sobre estes cinco exemplos a partir dos resultados alcançados, que apontam para a importância da Psicologia Institucional e para a necessidade de capacitação de profissionais e de emancipação de usuários enquanto sujeitos políticos. Compreendemos que, com as reflexões e discussões levantadas, pode-se abrir margem para transformações. Nas considerações finais, conclui-se que a linguagem tem o potencial de contribuir para reforçar ou libertar a abjeção de determinados corpos produzida pelo modelo manicomial. Essa libertação ocorre quando há análise, redesenhamentos e trabalhos junto com os usuários do CAPS.
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