IMPACTOS PSICOSSOCIAIS DOS DESASTRES DA MINERAÇÃO EM MARIANA E BRUMADINHO: uma revisão integrativa
DOI:
https://doi.org/10.22289/2446-922X.V8N1A13Palavras-chave:
Desastres Ambientais, Rompimento de Barragens, Saúde Mental, PsicologiaResumo
Os rompimentos das barragens de rejeitos de mineração em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019, são apontados como o maior desastre ambiental e o maior acidente de trabalho da história do Brasil, respectivamente. O presente artigo teve como objetivo analisar os antecedentes destas tragédias, seus impactos ambientais e socioeconômicos, bem como as consequências psicossociais para a população atingida direta e indiretamente por estas tragédias. O método utilizado foi a revisão bibliográfica integrativa. Foram realizadas buscas por artigos científicos nas bases de dados SciELO, PePSIC e BVS Salud BIREME, utilizando as seguintes combinação de descritores: “Brumadinho” & “desastre” e “Mariana” & “desastre”. Foram analisados 14 artigos, publicados entre 2015 e 2020. Os resultados evidenciam as fragilidades do Estado na prevenção, resolução e responsabilização de tais crimes, demarcando um histórico de impunidade às empresas envolvidas, ausência de reparação de danos socioambientais e desamparo à população atingida. Além disso, destaca-se o papel da psicologia das emergências e dos desastres frente a tais cenários, discutindo o compromisso ético dessa profissão para com a promoção de saúde mental e a garantia de direitos.
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