ASSÉDIO SEXUAL NO TRABALHO: Um estudo documental dos principais órgãos governamentais federais brasileiros sobre a temática
DOI:
https://doi.org/10.22289/2446-922X.V9N2A37Palavras-chave:
Assédio sexual, Trabalho, Saúde do trabalhadorResumo
Na vida adulta, podemos citar a divisão sexual do trabalho como uma das maneiras de tradicionalmente separar o lugar masculino e feminino. Nos espaços organizacionais, há a atribuição normativa de trabalho produtivo aos homens e reprodutivo às mulheres, sendo o primeiro acompanhado não só de maior prestígio social, como também de maior remuneração. Este fenômeno aparece com força na literatura como uma das possíveis justificativas para a existência de ambientes de trabalho hostis à presença feminina, valendo-se de discriminações, assédios moral e sexual, como formas de demonstrar que não são bem-vindas naqueles espaços ou que têm seu valor estimado como inferior ao dos homens. Considerando que o assédio sexual é fator psicossocial de risco à saúde mental do trabalhador e que vitima especialmente as mulheres, implicando em afastamento do trabalho e, por vezes, sua saída do mercado de trabalho, o objetivo deste estudo foi o de realizar uma pesquisa documental nos principais órgãos governamentais federais brasileiros, a fim de encontrar e classificar os documentos oficiais divulgados sob a temática “assédio sexual no trabalho”, entre os anos de 2010 e 2021. Buscou-se, analisar o conteúdo dos documentos, observando possíveis mudanças e divergências ao longo dos anos, com base na técnica de Análise de Conteúdo. Constatou-se que, na maioria das publicações sobre o tema, as responsabilidades da organização empregadora, como também do assediador, se tornam secundárias; o destaque é dado para a vítima que “não fez sua parte” ao deixar de denunciar, o que pode contribuir com sua culpabilização, estigmatização e adoecimento.
Downloads
Referências
Almeida, H. B. (2019). From shame to visibility: Hashtag Feminism and Sexual Violence in Brazil. Sexualidad, Salud Y Sociedad, (33), 19-41. https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2019.33.02.a
Andrade, C. B., & Assis, S. G. (2018). Assédio moral no trabalho, gênero, raça e poder: revisão de literatura. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, (43), 11. https://doi.org/10.1590/2317-6369000012917
Bardin, L. (2006). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Brasil. (2021). Código Penal. Lei 10.224, art. 216-A. Brasília-DF. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10224.htm
Brasil. Controladoria Geral da União. (s. d.). Integridade Pública: Assédio Moral e Sexual. Brasília-DF. https://www.gov.br/cgu/pt-br/centrais-de-conteudo/campanhas/integridade-publica/pe cas-de-comunicacao/folder-assedio.pdf/view
Brasil. Governo Federal. (2020). CGU lança campanha para promover integridade pública em órgãos federais. Brasília-DF. https://www.gov.br/cgu/pt-br/assuntos/noticias/2020/09/cgu-lanca-campanha-para-pr omover-integridade-publica-em-orgaos-federais
Brasil. Ministério do Desenvolvimento Regional. (s. d.). Cartilha informativa sobre assédio sexual. Brasília-DF. https://www.gov.br/mdr/pt-br/acesso-a-informacao/governanca/programa-integridade/ campanhas/Cartilha_Informativa_sobre_Assedio_Sexual.pdf
Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Subcomissão de Gênero. Comissão de ética. (2010). Assédio moral e sexual no trabalho. Brasília-DF. http://acesso.mte.gov.br/data/files/8A7C812D3CB9D387013CFE571F747A6E/CARTILHAASSEDIOMORALESEXUAL%20web.pdf
Brasil. Ministério do Trabalho e Previdência Social. Fundacentro. (2015). Cantada não é elogio - Campanha contra o assédio sexual e a opressão de gênero. https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/cissp-1/arquivos_cissp/cartilha-assedio.pdf
Brasil. Ministério Público da União. Procuradoria Geral. (2017). Portaria nº 583. Edição 101, seção 1, 82 p. https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/20242384/do1-2017-05-29-portaria-n-583-de-22-de-maio-de-2017-20242310
Brasil. Ministério Público do Trabalho. (2015). MPT em quadrinhos, número 10, Assédio sexual. Vitória-ES. https://mpt.mp.br/pgt/publicacoes/cartilhas/assedio-sexual/@@display-file/arquivo_pdf
Brasil. Ministério Público do Trabalho. (2019). Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, Sexual e da Discriminação da Procuradoria Geral do Trabalho: manual sobre a prevenção e enfrentamento ao assédio moral e sexual e à discriminação. Brasília-DF. https://bityli.com/SWo2b3
Brasil. Ministério Público do Trabalho. (2021). Assédio moral e sexual nas atividades portuárias e aquaviárias. Brasília-DF. https://mpt.mp.br/pgt/publicacoes/cartilhas/assedio-moral-e-sexual-nas-atividades-po rtuarias-e-aquaviarias-1/@@display-file/arquivo_pdf
Brasil. Ministério Público do Trabalho. Coordenadoria Nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade). (2020). Pela paz no trabalho: Manifesto pela ratificação da Convenção 190 da OIT. https://mpt.mp.br/pgt/noticias/nota-publica-ratificacao-convencao-190-oit-assinada.pdf
Brasil. Ministério Público do Trabalho. Procuradoria Geral da República. (2017). Assédio sexual no trabalho: Perguntas e respostas. Brasília-DF. https://mpt.mp.br/pgt/publicacoes/cartilhas/assedio-sexual-no-trabalho-perguntas-e-respostas/@@display-file/arquivo_pdf
Brasil. Ministério Público do Trabalho. Procuradoria Geral do Trabalho. Assessoria de Comunicação Social. (2018a). Guia de orientações sobre assédio moral e sexual nos esportes. Brasília-DF. https://mpt.mp.br/pgt/publicacoes/cartilhas/guia-de-orientacoes-sobre-assedio-moral- e-sexual-nos-esportes/@@display-file/arquivo_pdf
Brasil. Ministério Público do Trabalho. Procuradoria Geral do Trabalho. Assessoria de Comunicação Social. (2018b). Guia de orientações sobre assédio moral e sexual nos esportes paralímpicos. Brasília-DF. https://mpt.mp.br/pgt/publicacoes/cartilhas/guia-de-orientacoes-sobre-assedio-moral-e-sexual-nos-esportes-paralimpicos/@@display-file/arquivo_pdf
Brasil. Procuradoria Geral do Trabalho. Procuradoria Regional do Trabalho da 9ª região/MPT. Confederação Brasileira de Ginástica. (2018). Termo de Cooperação. https://www.cbginastica.com.br/termompt.pdf
Brasil. Senado Federal. (2021). Assédio moral e sexual no trabalho. Brasília-DF, biênio 2017-2019. https://www12.senado.leg.br/institucional/procuradoria/proc-publicacoes/cartilha-assedio-moral-e-sexual-no-trabalho
Busnello, G. F., Trindade, L. L., Pai, D. P., Beck, C. L. C., Ribeiro, O. M. P. L. (2021). Tipos de violência no trabalho da enfermagem na Estratégia Saúde da Família. Escola Anna Nery [online]. 25(4), e20200427. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0427
Cavallini, M. (2020). Quase metade das mulheres já sofreu assédio sexual no trabalho; 15% delas pediram demissão, diz pesquisa. G1. Economia. https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2020/10/08/quase-meta de-das-mulheres-ja-sofreu-assedio-sexual-no-trabalho-15percent-delas-pediram-demissao-diz-pesquisa.ghtml
Controladoria-Geral do Trabalho. (2020). Judô adere a termo de cooperação com o MPT para combater assédio a atletas. https://mpt.mp.br/pgt/noticias/judo-adere-a-termo-de-cooperacao-com-o-mpt-para-co mbater-assedio-a-atletas
Dias, I. (2021). Violência Contra as Mulheres no Trabalho. O caso do assédio sexual. Sociologia, problemas e práticas, (57). https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/1201/1/Soc57IDias.pdf
Diretoria de Planejamento. (2017). O que é um acordo ou termo de cooperação técnica. Pró-reitoria de planejamento e administração, Universidade Federal de Uberlândia. http://www.proplad.ufu.br/perguntas-frequentes/o-que-e-um-acordo-ou-termo-de-cooperacao-tecnica
Fonseca, T. S., Portela, A. S. M., Freire, S. E. A.; Negreiro, F. (2018). Assédio Sexual no Trabalho: Uma Revisão Sistemática de Literatura. Ciências Psicológicas, 12(1), pp. 25-34. https://www.redalyc.org/journal/4595/459555547004/html/
G1. (2020). Mais da metade dos profissionais prática ou tolera assédio no ambiente de trabalho, aponta pesquisa. Economia. https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2020/06/16/mais-da-me tade-dos-profissionais-pratica-ou-tolera-assedio-no-ambiente-de-trabalho-aponta-pe squisa.ghtml
HIGA, F. C. (2016). Assédio sexual no trabalho e discriminação de gênero: duas faces da mesma moeda? Revista Direito GV [online], 12(2), pp. 484-515. https://doi.org/10.1590/2317-6172201620
IBGE - Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística. (2011). Pesquisa nacional por amostra de domicílios de 2010. Rio de Janeiro. www.ibge.gov.br
Mcewen, C.; Pullen, A., Rhodes, C. (2021). Assédio sexual no trabalho: um problema de liderança. Revista de Administração de Empresas [online]. 61(2), e00000008. https://doi.org/10.1590/S0034-759020210207
Silva, M. V. [s.d]. Cartilha. Enciclopédia Discursiva da Cidade (Edici). https://www.labeurb.unicamp.br/endici/index.php?r=verbete%2Fview&id=49
Thome, C. F. (2012). O princípio da igualdade de gênero e a participação das mulheres nas organizações sindicais de trabalhadores. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3. Região, 55(85), pp. 137-168, jan./jun. 2012. https://hdl.handle.net/20.500.12178/74743
Tribunal Superior do Trabalho. (s. d.). Assédio Sexual: o que é, quais são seus direitos e como prevenir? https://www.tst.jus.br/assedio-sexual
Tsukamoto, S. A. S., Galdino, M. J. Q., Robazzi, M. L. C. C., Ribeiro, R. P., Soares, M. H., Haddad, M. C. F. L., Martins, J. T. (2019). Violência ocupacional na equipe de enfermagem: prevalência e fatores associados. Acta Paulista de Enfermagem [online], 32( 4), pp. 425-432. https://doi.org/10.1590/1982-0194201900058
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Psicologia e Saúde em debate
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc-nd/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores declaram que participaram na elaboração do manuscrito em questão, e que o citado manuscrito é original e não foi previamente publicado em parte ou no todo e que nenhum outro manuscrito similar sob autoria dos mesmos está publicado ou em análise por outro periódico seja impresso ou eletrônico. Declaram ainda, que não violaram nem infringiram nenhum copyright ou nenhum outro tipo de direito de propriedade de outras pessoas, e que todas as citações no texto são fatos verdadeiros ou baseados em pesquisas de exatidão cientificamente considerável. Os autores comprometem, quando solicitado, a fornecer informações aos editores a respeito dos dados deste manuscrito.
A revista segue o padrão Creative Commons (BY NC ND), que permite o remixe, adaptação e criação de obras derivadas do original, mesmo para fins comerciais. As novas obras devem conter menção ao(s) autor(es) nos créditos. O site utiliza o Open Journal Systems, sistema de código livre gratuito para a administração e a publicação de revistas desenvolvido com suporte e distribuição pelo Public Knowledge Project sob a licença GNU General Public License.