TRAJETÓRIAS EXISTENCIAIS E PROJETO DE SER DE PACIENTES COM CÂNCER
DOI:
https://doi.org/10.22289/2446-922X.V6N2A18Palavras-chave:
Narrativas, Cuidados Paliativos, Existencialismo, PsicologiaResumo
Narrativas em pesquisas de saúde oferecem o ponto de vista dos sujeitos sobre seus processos de adoecimento, contribuindo para a realização de uma clínica da “primeira pessoa”, indo ao encontro do preconizado nos cuidados paliativos, que enfatizam uma organização dos cuidados contemplando as pessoas em suas biografias. Este artigo apresenta análises de duas entrevistas narrativas realizadas com João e Maria, hospitalizados para tratamento paliativo de câncer. A pesquisa objetivou compreender a experiência do adoecimento e da perspectiva de morte com base no enfoque fenomenológico existencialista. Ao seguir o método biográfico proposto por Sartre, fez-se um movimento de mergulho nas trajetórias individuais e experiências destes participantes, buscando um entendimento do psíquico adquirido por dentro de suas histórias. Nas análises, evidenciaram-se duas histórias que apontam para a complexidade da vida, num movimento dialético entre as condições sociomateriais e as experiências subjetivas, que permitem refletir sobre os enredamentos e as tensões que passado, presente e futuro engendram no vivido. Considera-se, então, que a doença e a morte promovem (re)formulações nos projetos de ser dos sujeitos, mas que são esses projetos originários o pano de fundo das vivências de adoecimento e morte e das ressignificações da trajetória existencial realizadas frente à imposição da finitude.
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