DINÂMICA DAS ALTERAÇÕES NA FUNCIONALIDADE PSIQUÍCA E ACTIVIDADE PSICOSSOCIAL ANTES E DEPOIS DO DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS

Autores

  • Fernando Oliveira Pereira Escola Superior de Educação Almeida Garrett / Universidade Lusófona de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.22289/2446-922X.V6N2A26

Palavras-chave:

Diabetes Mellitus, Manifestações Psiquicas, Qualidade de Vida

Resumo

A consciência é determinante na interpretação e atribuição de significados às manifestações da vida. A diabetes mellitus é uma doença, cujo impacto na funcionalidade psíquica e psicossocial dos pacientes depende da compreensão e valoração alcançadas. Objectivo da investigação: estudo da dinâmica das alterações na funcionalidade psíquica e psicossocial em pacientes com diabetes mellitus, antes e depois de conhecer o diagnóstico.Participantes: 50 sujeitos de ambos os sexos, com diabetes mellitus (30 – 88 anos) e 50 sujeitos com as mesmas características socio-demográficas, que não padecem da doença. Metodologia: Entrevista clínico-psicológica; Questionário Sócio-demográfico; Questionário clínico-dinâmico da doença; Questionário de Auto-avaliação da funcionalidade psíquica e do desempenho na actividade familiar, social e laboral. Resultados: Os pacientes de diabetes mellitus no período temporal da vida “depois de conhecer o diagnóstico”, comparativamente ao período “antes de conhecer o diagnóstico”, evidenciam diferenças estatisticamente significativas de maior expressividade de manifestações da funcionalidade psiquica (nervosismo, ansiedade irritabilidade, depressividade, pessimismo, cansaço e fadiga) e mais baixos nas da actividade psicossocial e laboral (capacidade de trabalho, disponibilidade mental para o convívio com amigos e no seio da família). Na comparação “antes do diagnóstico” e o “momento actual da vida” existem diferenças estisticamente significativas em todas as categorias acima reportadas, mas quando se compara “depois do diagnóstico” com o “momento actual” as diferenças estatisticamente significativas apenas existem na capacidade de trabalho, cansaço e fadiga, disponibilidade para convívio com amigos, sendo os valores mais baixos no momento actual. Conclusão: A intrusão da diabetes mellitus e o conhecimento do diagnóstico, por parte do paciente, provocam alterações na dinâmica da funcionalidade psiquica e da actividade psicossocial, agravando os níveis de nervosismo, ansiedade, irritabilidade, depressividade, pessimismo, sensações de cansaço e fadiga e menor capacidade de trabalho, disponibilidade mental para o convívio social com amigos e para a colaboração e relacionamento interpessoal no seio da família. A diabetes, como doença crónica, tem repercussão negativa na funcionalidade dos pacientes, afectando o bem-estar e a qualidade de vida.

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

António, P. (2010). A Psicologia e a doença crónica: Intervenção em grupo na diabetes Mellitus. Psicologia, Saúde & Doenças, v.11, n.1.

Baek, R. N., Tanenbaum, M. L., & Gonzalez, J. S. (2014). Diabetes burden and diabetes distress: The buffering effect of social support. Annals of Behavioral Medicine, 48 (2), 145-155. http://doi.org/10.1007/s12160-013-9585-4

Bailey, S. C., Brega, A. G., Crutchfield, T. M. & Elasy, T. (2014). Update on Health Literacy and Diabetes. Diabetes Educ., 40, pp. 581- 604.

Bennett, P. (2002). Introdução Clínica à Psicologia da Saúde. Lisboa: Climepsi Editores.

Bernabé-Ortiz, A., Carrillo-Larco, R. M., Gilman, R. H., Checkley, W., Smeeth, L., & Miranda, J. J. (2015). Contribution of modifiable risk factors for hypertension and type-2 diabetes in Peruvian resource-limited settings. Journal of Epidemiology and Community Health, 70 (1), 49 -55. http://dx.doi.org/10.1136/jech-2015-205988

Blomster, J., Zoungas, S. & Chalmers, J. (2017). The impact of level of education on vascular events and mortality in patients with type 2 diabetes mellitus: Results from the ADVANCE study. Diabetes Res. Clin. Pract., 127, pp. 212-217.

Creatore, M., Glazier, R., Fazli, G. & Booth, G. (2016). Association of neighborhood walkability with change in overweight, obesity, and diabetes. JAMA, 315, pp. 2211-2220.

Creaven, A. M. & Hughes, B. M. (2012). Cardiovascular responses to mental activation of social support schemas. International Journal of Psychophysiology, 84 (2), 113-119. https://doi.org/10.1016/j.ijpsycho.2012.01.018

Curcio, R., Lima, M. H. M., Gallani, M. C. B. J. & Colombo, R. C. R. (2008). Adesão ao tratamento medicamentoso e qualidade de vida de pacientes diabéticos atendidos em atenção terciária (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Ciências Médicas, UNICAMP.

Dennick, K., Start, J. & Speight, J. (2017). What is diabetes distress and how can we measure it? A narrative review and conceptual model. Journal of Diabetes and Its Complications Volume 31, Issue 5, pp. 898-911.

Dowling, L. (2018). Gerenciando o aspecto psicológico do diabetes. In Tia Beth.com vida saudável com diabetes, 2018, 6 de Novembro.

Ferraz, A. E. P., Zanetti, M. L., Brandão, E. C. M., Romeu, L. C., Foss, M. C., Paccola, G. M. G. F., Paula, F. J. A., Gouveia, L. M. F. B. & Montenegro, JR. R. (2000). Atendimento multiprofissional ao paciente com diabetes mellitus no ambulatório de diabetes do HCFMRP-SP. Ver. Medicina, v. 33, n. 2, pp. 170 – 175.

Fraguas, R., Soares, S. M. S. & Bronstein, M. D. (2009). Depressão e diabetes mellitus. Rev Psiquiatr Clin 2009; 36 (Supl. 3), pp. 93-99.

Goes, A. P. P., Vieira, M. R. R. & Liberatore-Junior, R. R. (2007). Diabetes mellitus tipo 1 no contexto familiar e social. Rev. Paul. Pediatr. 2007; 25 (2), pp.124-128.

Gonçalves, T. R., Pawlowski, J., Bandeira, D. R., & Piccinini, C. A. (2011). Avaliação de apoio social em estudos brasileiros: Aspectos conceituais e instrumentos. Ciência & Saúde Coletiva, 16 (3), 1755-1769. http://doi.org/ff62mx

Groot, M., Anderson, R., Freedland, K. F., Clouse, R. E. & Lustman, P. J. (2001). Association of depression and diabetes complications: a meta-analysis. Psychossom Med, 63 (4), 619 – 630.

Koetsenruijter, J., Lieshout, J., Lionis, Ch. & Portillo, M. C. (2015). Social Support and Health in Diabetes Patients: An Observational Study in Six European Countries in an Era of Austerity. PLOS ONE. DOI: 10.1371/journal.pone.0135079. August 25, 2015.

Harris, M. D. (2003). Psychological aspects of diabetes with and emphasis on depression. Current Diabetes Reports, 54, 103 – 112.

Hasan, S. S., Mamun, A. A., Clavarino, A.M. & Kairuz, T. (2015). Incidence and risk of depression associated with diabetes in adults: Evidence from longitudinal studies. Community Mental Health Journal, vol. 51, n. 2, pp. 204 – 210.

Huang, X., Yang, H., Wang, H. H., Qiu, Y., Lai, X., Zhou, Z., & Lei, J. (2015). The association between physical activity, mental status, and social and family support with five major non-communicable chronic diseases among elderly people: A crosssectional study of a rural population in southern China. International Journal of Environmental Research and Public Health, 12 (10), 13209-13223. http://doi.org/10.3390/ijerph121013209

International Diabetes Federation. (2017). IDF Diabetes Atlas. Recuperado de https://bit.ly/2vzuvD2

Joseph, J. T., Baines, L. S., Morais, M. C. & Jindal, R. M. (2003). Quality of life after kidney and pâncreas transplantation: a rewiew. Am. J. Kidney Dis, 2003; 42 (3), pp. 431 – 435.

Leal, I. (coord.) (2006). Perspectivas em Psicologia da Saúde. Coimbra: Editora Quarteto.

Lomov, B. F. (1984). Problemas metodológicos e teóricos da psicologia. Moscovo: Ciência.

Lourenzo, E. J. (2018). Revista Saúde, 2018, 1 de Agosto. Franchising group.

Malagris, L. E. N. (2019). Stress, rsiliência e apoio social em indivíduos com hipertensão e diabetes mellitus. Revista de Psicologia, 28 (1), 1 – 13.

Mantovani, M. F., Mendes, F. R., Ulbrich, E. M., Bandeira, J. M., Fusuna, F. & Gaio, D. M. (2011). As representações dos usuários sobre a doença crónica e a prática educativa. Revista Gaúcha de Enfermagem, 32 (4), 662-668.

Marques, L. A. S. (2012). Qualidade de vida e ajustamento psicossocial de pacientes com diabetes mellitus tipo 1 submetidos ao transplante de células-troco hematopoéticas: um estudo de acompanhamento (Dissertação de Mestrado em Psicologia). Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto/USP, Ribeirão Preto/SP.

Marcelino, D. B. & Carvalho, M. D. B. (2005). Reflexões sobre o diabetes tipo 1 e sua relação com o emocional. Psicol. Reflex. Crit., 2005; 18 (1),72-77.

Melin, E. O., Thunander, M., Svensson, R., Landin-Olsson, M. & Thulesius, H. O. (2013). Depression, obesity, and smoking were independently associated with inadequate glycemic control in patients with type 1 diabetes. Eur. J. Endocrinol., 2013, 168 (6), 861-869.

Morin, E. (1994). La complexité humaine. Paris: Flammarion.

Moscovici, S. (1984). Psychologie sociale. Paris: PUF.

Nouwen, A. (2002). Understanding anda assessing depression and HRQOL in diabetes: A goal systems approach. Scientific report: Training session on health-related quality of life assessment and depression in diabetes (pp. 10 – 12). Budapest: MAPI Research Institute.

Ogden, J. (2004). Psicologia da saúde (2ª ed.). Lisboa: Climepsi Editores.

Oliveira, J. E. P. & Vencio, S. (2014). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014. São Paulo: AC Farmacêutica.

Oliveira, J. E. P. & Vencio, S. (Org.) (2016). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015 - 2016). São Paulo, Brasil: A. C. Farmacêutica. Recuperado de https://bit.ly/2Ju4TQU

Pais-Ribeiro, J. L. (2015). Educação para a saúde. Psicologia, Saúde & Doenças, 2015, 16 (1), 3 – 9. www.sp-ps.com DOI: http://dx.doi.org/10.15309/15psd160102 3

Pais-Ribeiro, J. L. (2011). A Psicologia da Saúde. R. F. Alves (2011) Psicologia da saúde: teoria, intervenção e pesquisa. Paraíba: Universidade Estadual da Paraíba.

Patrão, M. C. L. (2011). Auto-eficácia em pessoas com diabetes mellitus tipo 2 insulinotratadas (Tese de Mestrado). Repositório Científico da Universidade de Coimbra.

Pereira, E., Menegatti, C., Percegona, L., Aita, C. A. & Riella, M. C. (2007). Aspectos psicológicos de pacientes diabéticos candidatos ao transplante de ilhotas pancreáticas. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 59 (1), 62-71.

Pereira, F. O. (2009). Representação Sócio-Psicológica dos Estilos Comportamentais nas Actividades Educativas e da Docência. Cadernos de Investigação Aplicada, Nº 3. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas.

Pereira, F. O. (2010). Percepción de las Características Sociales y de las Manifestaciones Afectivo-emocionales de si mismo, en el Paciente Oncológico. Revista de Psicología General, Vol. VIII, Nº15. San Luís Potosi (México): Universidad de San Luís Potosi.

Pereira, F. O. (2013). Predisposição Psicológica de Adaptação Comportamental à Patologia Oncológica. Revista Evidências, Nº Apresentação, Abril de 2013.

Pereira, F. O. (2018). Teoria sistémico-integrativa do psiquismo humano. Revísta Teoría y Crítica de la Psicología, n. 10 (2018), 1 – 23. http://www.teocripsi.com/ojs/ (ISSN: 2116 – 3480).

Pickup, J. & Williams, G. (1997). Textbook of diabetes. Oxford: Blackwell Science.

Ramos, L. & Ferreira, E. A. P. (2011). Fatores emocionais, qualidade de vida e adesão ao tratamento em adulto com diabetes tipo 2. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 21(3), 867-877.

Sales-Peres, S. H. de C., Guedes, M. de F. S., Sá, L. M., Negrato, C. A. & Lauris, J. R. P. (2016). Estilo de vida em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 1: uma revisão sistemática (Revisão). Ciênc. saúde colet. 21 (4) Abr 2016. https://doi.org/10.1590/1413-81232015214.20242015

Setian, N., Damiani, D., Dichtchekenian, V. & Manna, T. D. (2003). Diabetes mellito. In: Marcondes, E., Vaz, F. A. C., Ramos, J. L. A. & Okay, Y., editores. Pediatria básica 9ª ed. São Paulo: Sarvier; 2003. pp. 382-392.

Silva, I. L. (2010). Psicologia da Diabetes, 2ª edição. Lisboa: Placebo Editora.

Sousa, M. R. M. G. C. (2003). Estudos dos conhecimentos e representações de doença associados à adesão terapêutica nos diabetes tipo 2 (Dissertação de Mestrado em Educação para a Saúde). Universidade do Minho, Braga.

Talbot, F., Nouwen, A., Gingras, J., Bélanger, A. & Audet, J. (1999). Relations of diabetes intrusiveness and personal control to symptoms of depression among adults with diabetes. Health Psychology, 18 (5), 537 – 542.

The Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus (2000). Report of the Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Diabetes Care, 23 (suppl. 1), 4 – 19.

The Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus (2003). Report of the Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Diabetes Care, 23 (suppl. 1), 5 – 20.

Tsai, J., Ford, E. S., Li, C., Zhao, G. & Balluz, L. S. (2010). Physical activity and optimal self-rated health of adults with and without diabetes. BMC Public Health, 2010; 10:365.

Van Dooren, F., Nefs, G., Schram, M., Verhey, F. & Denollet, J. (2013). Depression and Risk of Mortality in People with Diabetes Mellitus: A Systematic Review and Meta-Analysis. PLOS ONE, 2013;8 (3): e57058.

World Health Organization (2018). Disease burden and mortality estimates [recurso eletrónico]. Recuperado de https://bit.ly/1usZl9f

Downloads

Publicado

22-12-2020

Como Citar

Oliveira Pereira, F. (2020). DINÂMICA DAS ALTERAÇÕES NA FUNCIONALIDADE PSIQUÍCA E ACTIVIDADE PSICOSSOCIAL ANTES E DEPOIS DO DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS. Psicologia E Saúde Em Debate, 6(2), 388–414. https://doi.org/10.22289/2446-922X.V6N2A26

Edição

Seção

Artigo original